Fracassados
que perambulam por um mundo sem sentido, certa vontade os impulsiona a
desenvolver códigos morais, tecnologias, existência, fazendo o nada ser coisa e a coisa sublimar
no vazio.
Sou
um mero aluno de graduação, “mero” por ser aluno, mas qual ser humano deixara
este posto em vida? Qual animal humano se fará maior que a mortalidade atroz e
inerente aos ratos, cachorros, galinhas e pulgas? Um lamento corre sobre a
tempestade elétrica do universo cerebral ao imaginar que todos somos iguais em
âmbito cru. Perceber que o próprio universo não passa de uma coisa tão mortal
quando nós - ele acaba, mas antes de terminar ele te engole como um leão a sua
espera no centro da savana africana - torna-se assustador aos covardes!
Assim
como os demais “homens de terno verde” que constroem o conhecimento deste blog,
sou homem Bravo! Ser que vive pelo prazer que a compreensão proporciona.
Mal-Estar permanente às situações idiotas. Tentarei com o pouco que sei e com o
muito que aprenderei esboçar comentários agradáveis ou não, pois não pretendo
conquistar seu amor, mas refletir sobre seus demônios.
Afinal
“quem é que sabe o que é melhor para o homem
durante sua existência, nos muitos dias de sua vã existência, que ele atravessa
como uma sombra?” Eclesiastes, 6;12
Não
sou um amante da academia, se o fosse, deliraria de prazer em cada ato sacana
que teríamos ao longo das noites embaladas por posições eróticas no motel do
conhecimento. Mas não entro em êxtase, apenas brocho. Estou para a academia
como Simão, noivo asmático, está para Malvina, no conto "O homem
fiel" de Nelson Rodrigues. Quero distancia! Espero respirar! Aqui é um bom
lugar de repouso. Broncodilatadores! Proporcionando desejos e liberdade.
Observando
os intelectuais orgânicos, como denominado por Gramsci, vejo tanta preguiça
para esboçar vida criativa em meio a burocracia universitária, talvez o
italiano seja um dos culpados, embora acredite que o principal culpado seja
você, executor de tais ações, ao pensar, grosso modo, que a intelectualidade e
revolução andam grudadas e por isso são unas e indissociáveis. Acredito em
mudanças, pois a práxis é tudo que nos resta do pó que somos, mas tenho alergia
a grandes transformações, acho que elas atrapalham o cotidiano, solapam a
liberdade individual e destroem o coletivo moral, vide Revolução Francesa.
Lembro estar lendo Nelson Rodrigues e ser dominado pelo encanto ao compreender
que, nunca se pediu um soneto a Bismarck, ou um romance a
Roosevelt, ou um drama a Churchill.
Gosto
quando Shakespeare nos chama de tolos.
Reconhecer nossa insuficiência é a melhor maneira de sublimar no vazio e
suspeito que a falta de sensibilidade atribuída aos grandes homens pelos
dependentes de plantão, denota o brio confirmado pela certeza que os autônomos
possuem de si e para o mundo que o circunda, um senso de reciprocidade do eu
para o outro que volta a ser eu. Por outro lado deixa à tona a incapacidade que
os parasitas possuem em se afirmar, fomentando a hipocrisia inerente de um
estado de espírito plástico, revoltado e pífio. Entre o humano Bravo e o
revolucionário, fico com o primeiro, espelho da coragem e percepção
Todo
respeito deve ser dado à profissão do intelectual acadêmico, assim como do
banqueiro, gerente de uma multinacional ou recepcionista de hotel, mas confesso
que os olhos apenas lacrimejam ao vislumbrar espíritos-livres, humanos que
fazem sorrir na tragédia, pois como disse certa feita o poeta romano Lucano:
viver, como amar, é ser refém do destino. Convenhamos que a vida sentida sem
hipocrisia parece uma mulher repleta de tesão e não há nada mais visceral que
isso.
Finalmente, algum fantasma vagante que tenho o ímpeto da vontade de conhecer, nestas paragens desta cidade morta-viva, em meio às suas pilastras de vazio em devaneios artificiais, onde meus passos largos vagueiam entre um de seus espasmos soluçantes na neblina que embaça as vistas, nestas torpes digladiações onde os agouros do vazio me assombram, arrancando-me, no repente, o riso de minha caneta que devora.
ResponderExcluirMozart Machado
Finalmente, já tinha dado o blog como "morto", feito enterro e missa de setimo dia. Mas também escrevo em blogs e sei como é, tem messes que fazemos varias postagens e meses a fio que nada escrevemos.
ResponderExcluirDepois de tanto tempo vai ter algo novo no blog e ele resurgir das cinzas tera alguma novidade?
"Entre o humano Bravo e o revolucionário, fico com o primeiro, espelho da coragem e percepção"
ResponderExcluirNão sei qual seria a concepção de "coragem" para você, mas acredito que para muitos, o que assim seria definido, na realidade, seria a qualidade de ser um espírito revolucionário!
Para você, "humano bravo", ao que parece, seria aquele que tem repulsa a mudanças bruscas porque já está conformado com a nossa realidade (e não tem interesse em mudá-la).