5.5.13

BEM-VINDO ÀS RUÍNAS



Fracassados que perambulam por um mundo sem sentido, certa vontade os impulsiona a desenvolver códigos morais, tecnologias, existência, fazendo o nada ser coisa e a coisa sublimar no vazio.
Sou um mero aluno de graduação, “mero” por ser aluno, mas qual ser humano deixara este posto em vida? Qual animal humano se fará maior que a mortalidade atroz e inerente aos ratos, cachorros, galinhas e pulgas? Um lamento corre sobre a tempestade elétrica do universo cerebral ao imaginar que todos somos iguais em âmbito cru. Perceber que o próprio universo não passa de uma coisa tão mortal quando nós - ele acaba, mas antes de terminar ele te engole como um leão a sua espera no centro da savana africana - torna-se assustador aos covardes!
Assim como os demais “homens de terno verde” que constroem o conhecimento deste blog, sou homem Bravo! Ser que vive pelo prazer que a compreensão proporciona. Mal-Estar permanente às situações idiotas. Tentarei com o pouco que sei e com o muito que aprenderei esboçar comentários agradáveis ou não, pois não pretendo conquistar seu amor, mas refletir sobre seus demônios.
Afinal
“quem é que sabe o que é melhor para o homem durante sua existência, nos muitos dias de sua vã existência, que ele atravessa como uma sombra?” Eclesiastes, 6;12
Não sou um amante da academia, se o fosse, deliraria de prazer em cada ato sacana que teríamos ao longo das noites embaladas por posições eróticas no motel do conhecimento. Mas não entro em êxtase, apenas brocho. Estou para a academia como Simão, noivo asmático, está para Malvina, no conto "O homem fiel" de Nelson Rodrigues. Quero distancia! Espero respirar! Aqui é um bom lugar de repouso. Broncodilatadores! Proporcionando desejos e liberdade.
Observando os intelectuais orgânicos, como denominado por Gramsci, vejo tanta preguiça para esboçar vida criativa em meio a burocracia universitária, talvez o italiano seja um dos culpados, embora acredite que o principal culpado seja você, executor de tais ações, ao pensar, grosso modo, que a intelectualidade e revolução andam grudadas e por isso são unas e indissociáveis. Acredito em mudanças, pois a práxis é tudo que nos resta do pó que somos, mas tenho alergia a grandes transformações, acho que elas atrapalham o cotidiano, solapam a liberdade individual e destroem o coletivo moral, vide Revolução Francesa. Lembro estar lendo Nelson Rodrigues e ser dominado pelo encanto ao compreender que, nunca se pediu um soneto a Bismarck, ou um romance a Roosevelt, ou um drama a Churchill.
Gosto quando Shakespeare nos chama de tolos. Reconhecer nossa insuficiência é a melhor maneira de sublimar no vazio e suspeito que a falta de sensibilidade atribuída aos grandes homens pelos dependentes de plantão, denota o brio confirmado pela certeza que os autônomos possuem de si e para o mundo que o circunda, um senso de reciprocidade do eu para o outro que volta a ser eu. Por outro lado deixa à tona a incapacidade que os parasitas possuem em se afirmar, fomentando a hipocrisia inerente de um estado de espírito plástico, revoltado e pífio. Entre o humano Bravo e o revolucionário, fico com o primeiro, espelho da coragem e percepção
Todo respeito deve ser dado à profissão do intelectual acadêmico, assim como do banqueiro, gerente de uma multinacional ou recepcionista de hotel, mas confesso que os olhos apenas lacrimejam ao vislumbrar espíritos-livres, humanos que fazem sorrir na tragédia, pois como disse certa feita o poeta romano Lucano: viver, como amar, é ser refém do destino. Convenhamos que a vida sentida sem hipocrisia parece uma mulher repleta de tesão e não há nada mais visceral que isso.
por: J. MACHADO

3 comentários:

  1. Finalmente, algum fantasma vagante que tenho o ímpeto da vontade de conhecer, nestas paragens desta cidade morta-viva, em meio às suas pilastras de vazio em devaneios artificiais, onde meus passos largos vagueiam entre um de seus espasmos soluçantes na neblina que embaça as vistas, nestas torpes digladiações onde os agouros do vazio me assombram, arrancando-me, no repente, o riso de minha caneta que devora.

    Mozart Machado

    ResponderExcluir
  2. Finalmente, já tinha dado o blog como "morto", feito enterro e missa de setimo dia. Mas também escrevo em blogs e sei como é, tem messes que fazemos varias postagens e meses a fio que nada escrevemos.

    Depois de tanto tempo vai ter algo novo no blog e ele resurgir das cinzas tera alguma novidade?

    ResponderExcluir
  3. "Entre o humano Bravo e o revolucionário, fico com o primeiro, espelho da coragem e percepção"

    Não sei qual seria a concepção de "coragem" para você, mas acredito que para muitos, o que assim seria definido, na realidade, seria a qualidade de ser um espírito revolucionário!

    Para você, "humano bravo", ao que parece, seria aquele que tem repulsa a mudanças bruscas porque já está conformado com a nossa realidade (e não tem interesse em mudá-la).

    ResponderExcluir