18.6.13

SOMOS RICOS (SÓ QUE NÃO)

O artigo de hoje do Espaço Vesânico, é uma contribuição de um dos nossos leitores, o acadêmico do curso de Jornalismo da PUCPR, Everton Lima. Boa leitura.



Recentemente, um boato envolvendo o programa social Bolsa- Família chamou a atenção de todos os brasileiros. Centenas de pessoas foram até as agências da Caixa Econômica Federal sacar seus benefícios antes que os mesmo fossem recolhidos pelo governo. É desconhecido até o momento o responsável pela boataria, ou mesmo, os motivos que  o levaram a fazer isso. O fato é que essa movimentação por parte dos beneficiários do Bolsa Família, levantou novamente a questão da dependência de quem participa de programas sociais em relação aos mesmo. Fica o questionamento: Por que o Brasil sendo a 6ª economia mundial precisa dar a uma significativa parcela de sua população uma ajuda mensal para que a mesma não passe fome?
 Pois bem,  em 2003 quando assumiu a presidência, o ex-torneiro mecânico Luis Inácio Lula da Silva propôs ao seu governo um desafio: Acabar com a fome no Brasil. Para isso lançou aquele que seria o carro-chefe de seu governo o programa Fome Zero. O governo adaptou programas sociais já existentes – Vale Gás e Bolsa Escola -  e os ampliou, criando assim o Bolsa Família e retirando mais de 40 milhões de brasileiros da linha de extrema pobreza. Fornecendo cerca de R$ 70,00 a esses brasileiros – desde que os mesmo repeitem as regras do programa, que incluem a vacinação das crianças e a frequência delas nas escolas -  o governo não apenas garante a eles o acesso mínimo à alimentação, como garante também acesso mínimo das crianças à saúde e à educação.  Mas por quê mais de 40 milhões de pessoas já não tinham acesso a esses serviços considerados básicos para a sobrevivência humana e garantidos pela constituição?
O governo que antecedeu o governo Lula, foi o do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). Este governo assim como os anteriores a ele, teve como pricipal fonte de preocupação o processo inflacionário da economia brasileira. Portanto, nunca antes a parcela populacional que vivia em estado de pobreza extrema teve ações governamentais direcionadas à ela, até porque, o país passou por diversas crises políticas em sua história, experimentando apenas no final do século XX e começo do XXI uma democracia plena.
As diversas crises políticas vivenciadas pelo Brasil ao longo dos anos culminaram em um sistema político corrupto e ineficaz, que não possui a participação plena dos cidadãos. O cidadão brasileiro adquiriu o hábito de procrastinar e esperar do governo soluções imediatas para problemas do cotidiano. Nota-se também uma certa indiferença da população com o sistema educacional brasileiro, considerado um dos piores do mundo. Portanto podemos afirmar que o morador do Brasil aprendeu a cobrar respostas imediatas a problemas do cotidiano, mas ignora soluções ou planos de governo que possam melhorar o país a médio ou longo prazo.
Esse pensamento imaturo, reflete a própria imaturidade do país, que é relativamente jovem se comparado com outras nações do mundo – inclusive com aquelas que figuram no topo das listas de países ricos e/ou desenvolvidos - . Podemos dizer que o Brasil vive hoje sua pré-adolescência, porém carregando traumas de sua infância, já que ainda quando colônia viu seus nativos serem massacrados, e sua cultura, e religião serem obrigatoriamente substituídas pela cultura e religião cristã que vigorava em Portugal, este agindo com o Brasil de maneira semelhante aos gafanhotos que atacam os milharais. Após essa experiência inicial, essa terra que hoje chamamos de Brasil se viu transormar no cativeiro de um povo então desconhecido.  A escravidão negra, acrescentou muito a cultura brasileira,mas é impossível não notar a semelhança entre a pobreza brasileira e a miséria africana. Aliás, essa palavra pobreza, que já foi citada no  texto, nos chama atenção para aquele é de fato o problema do Brasl, e que motivou o governo federal a conceder uma ajuda finaceira – ainda que pequena e somente ela insuficiente para vida digna -  a milhões de brasileiros: A desigualdade social. É engano pensar que essas crises políticas e econômicas que afetaram o país recentemente tiveram impacto semelhante na vida de todos os habitantes do país.
Os Estados Unidos da América, também foi colônia,mas ao contrário do Brasil não foi explorado, não que a Inglaterra assim não desejasse, mas de imediato não viu nada a explorar nas novas terras. Por vários motivos – sobre tudo a perseguição religiosa -  famílias inteiras deixaram a Inglaterra rumo a aquela que no futuro seria a mais rica das nações. Após conseguir a independência instalaram o regime democrático que vigora até hoje. Economicamente se organizaram para ter na América Latina clientes para seus produtos e trabalharam para que os países latino-americanos se tornassem dependentes economicamente dos EUA. Houve grande investimento em educação por parte dos governos estadunidenses, sobretudo em pesquisas científicas. Sem dúvida esses investimentos foram fundamentais para a recuperação do país frente aos danos que crises econômicas o causaram. Teria o governo de Washington conseguido a recuperação econômica do país se este fosse policamente influenciável e dependente cientificamente de outros países?
            Portando, ao tomar a decisão de ajudar por meio de programas sociais uma parcela pobre de sua população, o atual governo reconhece que essa parcela  que precisa de ajuda é apenas um reflexo histórico do país que nunca conseguiu se recuperar de maneira plena dos inúmeros problemas que teve  ao longo dos séculos. É necessário portanto, que o Brasil análise de maneira crítica a própria históra, visando resolver os problemas causados por este impestuoso passado e principalmente evitando novos erros.
É de suma importância que esses programas sociais continuem,mas não é coerente que os beneficiários se tornem dependentes deles. Portanto é preciso reestruturar a vida econômica desses brasileiros o quanto antes para que deixem de participar dos programas sociais governamentais.

 É compreensível que hoje, ainda no século XXI o país tenha de resgatar uma parcela de seus cidadãos da miséria,mas é inadmissível que no futuro exista uma parcela de brasileiros a ser resgatada. 

Everton Luis Almeida de Lima
Graduando do curso de Comunicação Social - Jornalismo, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Gostou do texto? Quer participar também? envie um e-mail com seu texto/artigo/sugestão que postaremos no blog com os devidos créditos.

homensdeternoverde@gmail.com

12.6.13

A DIFERENÇA ENTRE ATEU E AGNÓSTICO

Continuando a série de textos com temas religiosos, buscamos neste post a explicação de dois termos, que por muitos é facilmente confundido.
 
 


No cenário épico do embate entre religião e ciência vários termos surgem. Dentre tantos, é relevante considerarmos pelo menos dois bem polêmicos, agnosticismo e ateísmo, que muitas vezes, confundem-se no senso comum.
 
É bastante comum a confusão entre ambos termos, sendo eles, bem diferentes. Basicamente enquanto os Ateus negam totalmente a existência de Deus, os Agnósticos ficam, digamos, em cima do muro, não acreditando e nem desacreditando.

No que se concerne aos Ateus, diversar teorias e correntes filosóficas e ideológicas embasam seus argumentos da não existência de Deus ou de qualquer outra forma de manifestação e entidades sobrenaturais. Na discussão religiosa seriam os Ateus os caras que mais sofreriam no inferno (caso eles estejam errados), mas essa questão será fruto de outro post, então, deixaremos os spoiller de fora.

No meio termo entre Teístas e Ateístas estão os Agnósticos. Estes seriam os caras que guiados pela razão e divididos pela fé se questionam. Resumidamente os Agnósticos podem acreditar ou não em Deus, contudo, sua crença esta baseada no conheciemto cientifico, e alegando, que o homem (no sentido humanidade) não possui conhecimento o suficiente para provar a existência de tal entidade, e contradizendo-se, adimitem a possibilidade da existência do criador.

Os Agnósticos dividem-se em duas vertentes, os agnosticos fortes e fracos (não no sentido MMA da palavra). Os agnósticos fortes caracterizam-se pela convicção de se Deus existir isso é irrelevante para a vida na Terra e que a compreensão de uma figura como Deus é inconsebível para a mente humana. Ao contrario deles, os agnosticos fracos adimitem que Deus é uma figura impotente, mas, o homen, não é apto para classifica-lo ou buscar entende-lo, essa vertende basicamente busca mostrar que os erros da religião é motivada pela mente limitada das pessoas, sendo Deus, uma figura que não necessitaria de uma explicação.


RESUMINDO

ATEU - NÃO ACREDITA EM DEUS;


AGNÓSTICO - ACREDITAM OU NÃO, MAS DEFENDEM QUE O HOMEM NÃO TEM CONHECIMENTO SUFICIENTE PARA PROVAR OU NÃO A EXISTÊNCIA DELE;


Pedro Almeida


Tem uma opinião diferente? então post um comentário.

Próximo texto em breve, "E SE OS ATEUS ESTIVEREM ERRADOS?"


 


9.6.13

POLÍTICAS PÚBLICAS E DEMOCRACIA PARTICIPATIVA: UMA PERSPECTIVA TEÓRICA


Resumo

O objetivo do artigo é apresentar, de maneira normativa, duas visões de democracia, uma minimalista e outra maximalista, a respeito de uma possível participação política da sociedade na formação de políticas públicas. Por meio de algumas ideias minimalistas, apresentarei algumas críticas direcionadas ao ideal de um “bem comum” e de uma vontade sistematizada da sociedade como um todo. E a atuação dos Policy Makers como elaboradores de políticas públicas, e dos burocratas como administradores de tais políticas. Em contrapartida, através de ideias maximalistas, falarei sobre a possibilidade de maior participação por parte da sociedade civil, em busca de uma convergência de interesses, para a elaboração de políticas públicas e, por conseguinte, de uma “vontade geral”. Através de uma análise teórica, descreverei o significado de políticas públicas na prática e sua relação com o atual processo de consolidação de uma democracia participativa na pós-modernidade.

Palavras-chave
: Democracia; Participação democrática; Políticas Públicas.



1.            INTRODUÇÂO

Nos dias atuais, em sociedades pós-modernas, a democracia pode ser considerada o regime de governo mais almejado. Dela decorrem as ideias de auto-governo do “povo”, ou “governo potencialmente de todos”, como diria Sartori. Num regime de governo democrático, os indivíduos, teoricamente, tem a capacidade de, por meio de pequenos grupos ou coalizões políticas, levar os anseios da sociedade adiante no Estado, para que assim os representantes eleitos possam elaborar e administrar políticas públicas que lhes sejam favoráveis, e atendam à “vontade geral”.
Joseph Schumpeter, um dos mais importantes economista da primeira metade do século XX, em crítica a ideia de “bem comum”, diz:
“Não existe algo que seja um bem comum unicamente determinado, sobre os quais todas as pessoas concordem ou seja levadas a concordar através de argumentos racionais. Isso se deve, basicamente, não ao fato de algumas pessoas poderem desejar coisas diferentes do bem comum, mas ao fato muito mais fundamental de que, para diferentes indivíduos e grupos, o bem comum está fadado a significar diferentes coisas.”
 (SCHUMPETER, 1942, p. 314-315).

Em suma, Schumpeter acredita não haver a possibilidade de adequação dos interesses de uma sociedade para geração de uma “vontade geral”. O minimalismo Schumpeteriano é compartilhado por mais autores, como G. Sartori, N. Bobbio e R. Dahl, os quais serão importantes para a formação da crítica a respeito de uma atuação participativa direta da sociedade, por meio da opinião pública, para elaboração de políticas públicas, como acreditava ser possível os maximalistas, os quais serão descritos com mais precisão no decorrer deste artigo.

2.            POLÍTICAS PÚBLICAS
Não há uma única definição de políticas públicas. No entanto, neste artigo vou ressaltar seu papel prático, como ações derivadas do Estado que cumprem o objetivo de atender a determinados anseios da sociedade. Os autores minimalistas diriam que os únicos interesses que os formuladores de políticas públicas desejam atender são os seus próprios, já que a sociedade não possui uma vontade comum. Sendo assim, as políticas públicas seriam um meio de sanar problemas existentes na sociedade.
“Críticos dessas definições, que superestimam aspectos racionais e procedimentais das políticas públicas, argumentam que elas ignoram a essência da política pública, isto é, o embate em torno de idéias e interesses. Pode-se também acrescentar que, por concentrarem o foco no papel dos governos, essas definições deixam de lado o seu aspecto conflituoso e os limites que cercam as decisões dos governos. Deixam também de fora possibilidades de cooperação que podem ocorrer entre os governos e outras instituições e grupos sociais.”
(SOUZA, 2006, p. 25)


Com respeito à referência acima, devo atentar para as últimas palavras da autora, ao dizer que as definições a respeito de políticas públicas como sendo um meio de sanar problemas “deixa de fora a possibilidade de cooperação que podem ocorrer entre os governos e outras instituições e grupos sociais.” E é sobre tal relação de cooperação que Easton (1965) se referia ao afirmar que as políticas públicas são uma espécie de sistema, ou seja, há uma relação entre os Policy Makers, resultados e o ambiente. Segundo ele, “as políticas públicas recebem os inputs dos partidos, da mídia e dos grupos de interesse, que influenciam seus resultados e efeitos.” ( SOUZA, 2006, p. 24)
A sociedade quando organizada em pequenos grupos de interesses ou associações civis pode ter um papel importante de influencia nas ações dos Policy Makers. Os interesses que são discutidos na esfera política, derivados por sua vez de uma série de outros interesses individuais que, como numa soma vetorial, agregaria todos os valores dispostos em cada um dos indivíduos, resultando em uma “vontade geral”.

3.           RELAÇÃO ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS E DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
A democracia participativa é o regime que busca a efetividade dos mecanismos de controle da sociedade civil por meio da administração pública, ampliando a noção de democracia e de ação democrática para a esfera social.
Para os maximalistas, os princípios da inclusão, do pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e da justiça social, como diz L. Lüchmann, são as principais características de uma democracia participativa. Segundo a teoria participativa desenvolvida por C. Pateman:
Pode-se caracterizar o modelo participativo como aquele em que se exige o input máximo (participação) e em que o output inclui não apenas políticas (decisões), mas também o desenvolvimento das capacidades sociais e políticas de cada indivíduo, de tal forma que exista um "feedback" do output para o input. (PATEMAN, 1990, p. 43)
A autora utiliza como fonte teórica de sua teoria, a ideia de participação direta de Rousseau, para falar a respeito de efeitos psicológicos positivos que essa participação pode gerar nos indivíduos. A participação direta geraria então maior integração social por conta da convergência entre interesses particulares e coletivos em busca de uma “vontade geral”. No entanto, para haver essa empatia entre os indivíduos, é necessário haver também uma relativa igualdade sócio-econômica, para que não haja certas relações e poder ou dominação decorrentes e nem mesmo a venda de opiniões. Por meio dessa convergência dos interesses então, há uma maior legitimidade das decisões tomadas entre os indivíduos. Pateman aproveita a ênfase que S. Mill da à esfera local como fonte de treinamento, onde se deveria trazer a participação direta, a qual geraria motivação nos indivíduos, em contraponto a Schumpeter, que afirmava serem os indivíduos incapazes de sistematizar seus interesses. A solução para uma evidente apatia política da sociedade seria então democratizar as esferas não políticas, como instituições de ensino, a família, e principalmente o trabalho, ao qual G. H. Cole dá ênfase.
Havendo então uma participação efetiva da sociedade por meio dos mecanismos ofertados pelo Estado, e também por meio do associativismo e grupos de interesses, esses poderão atuar de maneira mais incisiva na esfera pública em busca do tão almejado “bem comum”.
O autor J. Habermas, em sua teoria deliberativa da democracia fala a respeito da esfera pública, lugar onde os indivíduos, imbuídos de diferenças sociais, por intermédio de grupos, deliberam a respeito de interesses coletivos. A esfera pública tem o poder consultivo e de pressão que age sobre o sistema, onde se encontra o Estado e o mercado. Em contraposição aos autores minimalistas, Habermas diz que quando a esfera pública atende aos critérios de  publicidade (sendo estes: 1. modo como deliberam; 2. quem delibera; 3. escopo das questões debatidas; 4. razões apresentadas), a opinião pública pode então ser considerada racional, pois não há relação de poder e dominação na esfera pública entre os participantes, nem por parte de qualquer intruso que faça parte do sistema.
3.1         FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: SOCIEDADE CIVIL, POLICY MAKERS E BUROCRATAS
Após análise teórica entre maximalismo e minimalismo, é possível constatar que por meio de um regime democrático participativo, seria possível a sociedade civil ter capacidade de, na esfera pública, deliberar racionalmente a respeito de interesses particulares e coletivos, que por sua vez convergirão para criação de vontades coletivas representadas por uma série de grupos e associações civis, que levarão essas aos Policy Makers, os quais então terão um papel importante a cumprir, como fora dito anteriormente.
Elisa P. Reis, Ph.D. em Political Science no Massachusetts Institute of Technology, e atualmente, professora titular de Sociologia política na Universidade Federal do Rio de Janeiro, trabalha em seu artigo Política e Políticas Públicas na Transição Democrática, as concepções de Política e políticas públicas, através de inspirações weberianas, considerando os burocratas ou administradores, e os políticos ou lideres representativos (REIS, 2010). A ação dos burocratas, de acordo com E. Reis é em contrapartida à dos formuladores, a de administrar “firme e fielmente as ordens que recebeu de autoridades superiores – do estado burocratizado, racional-legal - a ponto de internalizá-las e torná-las quase uma convicção pessoal”.
A partir de um estudo a respeito da atuação desses dois atores, policy makers e Burocratas, nos Estados Unidos e alguns países da Europa, E. Reis definiu quatro perfis específicos para retratar a atuação dos políticos e dos burocratas como formuladores de políticas. Constatou que a formação de um tipo “híbrido puro”, que funde completamente os traços burocráticos e políticos é inevitável. Em suma, ela afirma que embora a burocracia seja preponderante para a manutenção da democracia, podendo tanto quanto a liderança política, agregar interesses, esta também encontra algumas limitações a medida do caminho. A agregação de interesse discrimina contra interesses não organizados; tende a limitar-se no âmbito de setores funcionais particulares, fazendo uma mediação segmental de interesses, no entanto, incapaz de articular interesses intersetoriais; por fim, a participação administrativa no processo de formulação de políticas revelasse conservadora, pelo fato de agregar interesses que firmam a correlação de forças existentes. É como se os burocratas garantissem a estabilidade, e os políticos, a inovação e a criatividade em suas formulações de políticas públicas (REIS, 2010).
A autora conclui seu artigo afirmando que parece claro que é da própria não-cristalização de forças sociais que a democracia retira sua força ideológica para fazer o contrapeso do impacto sedimentador da burocracia. É esse desafio de reconciliar interesses contrários que faz da Política um recurso estratégico valioso. Mesmo que sempre tentando fazer o impossível, e que apenas alguns participem, em última instância ainda, do processo de políticas públicas (REIS, 2010).
Acredito que a atuação da sociedade civil na esfera pública, não se limita à pressão que esta causa no sistema, composto pelo Estado e o mercado. Mas à medida que a democratização de esferas não políticas se fizer presente, e as pessoas passarem a participar de associações civis, estas possuirão maior consciência política. O cientista político R. Putnam (2000), fala a respeito de tal consciência, devido à participação democrática no caso da Italia. Esta incute em seus membros hábitos de cooperação, solidariedade e espírito público no âmbito interno. Os indivíduos têm mais confiança social, participação política e “competência cívica subjetiva”. No âmbito externo, afirma R. Putnam, “essa “articulação de interesses” e a “agregação de interesses”, intensificados por redes de associações secundarias, ao mesmo tempo incorpora e promove a colaboração social.” Para Putnam, o associativismo é a precondição necessária para o governo democrático.

4.            CONCLUSÃO

 Por fim, acredito que a democratização das instituições de ensino seria a melhor opção a médio e longo prazo, para que nas próximas décadas, tanto em países em desenvolvimento, quanto nos quais se encontram num estado de desenvolvimento político-econômico elevado, estes possam permanecer constantes na busca pelo ideal democrático, apresentado por R. Dahl (1997), e gerar uma participação mais efetiva da sociedade perante o Estado, contribuindo para a formulação e, quem sabe um dia até fiscalização das políticas públicas. Só assim haverá um real feedback, como dito por Pateman, entre os inputs e outputs, ou seja, entre participação e decisão. Com uma cultura política desenvolvida desde os primeiros anos nas instituições de ensino, os futuros cidadãos terão maior consciência política e participação, e os representantes políticos eleitos maior accountability perante a sociedade.

  
REFERENCIAS


DAHL, R. A. (1997). Poliarquia: participação e oposição. São Paulo, Editora EDUSP.

PUTNAM, R. D. (2000). Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV.

PATEMAN, C. (1990). Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra.

SCHUMPETER, J. (1984). Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

BOBBIO, N. (1987). Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra

LÜCHMANN, Lígia Helena Hahn. Possibilidades e limites da democracia deliberativa: a experiência do orçamento participativo de Porto Alegre / Lígia Helena Hahn Lüchmann . Campinas, SP : (s. n.), 2002. Orientador: Rachel Meneguello. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

SARTORI, Giovanni – "Democracia governada e democracia governante", in: A teoria da democracia revisitada. V. 1. São Paulo: Editora Ática, 1994. pp. 123-180

SOUZA, Celina. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. In: Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº 16, jul/dez 2006, p. 20-45

REIS, Elisa Pereira. Política e políticas públicas na transição democrática.1988. Seminário Internacional sobre O Estado e as Políticas Públicas na Transição Democrática Recife, 18-20 de Maio de 1988



             Evilazio de Queiroz Pita Coelho, acadêmico do curso de Relações Internacionais e Ciência Política pelo Centro Universitário UNINTER, em Curitiba, no Paraná. Email: evilazio.coelho10@gmail.com.

6.6.13

INFERNO - DAN BROWN


Dan Brown novamente voltou a ser assunto no meio literário, talvez nunca tenha saído, mas, com o lançamento de seu novo livro, INFERNO, as vitrines das livrarias voltam a ser seu palco. Depois de ficar mundialmente famoso com o megaseller, O CÓDIGO DA VINCI, seus outros lançamentos também ficaram conhecidos, nessa lista se incluem, FORTALEZA DIGITAL (seu primeiro livro), PONTO DE IMPACTO, ANJOS E DEMÔNIOS e O SÍMBOLO PERDIDO.

A característica principal de Brown é levantar assuntos, digamos, polêmicos, como igreja e maçonaria, suas primeiras obras (Fortaleza Digital e Ponto de Impacto) talvez fujam um pouco  dessa regra, embora, não totalmente, afinal, falar dos bastidores da Agência de Segurança Nacional Americana (NSA) e da maior agência espacial do mundo (NASA) pode não gerar tantos comentários quanto dizer que Jesus não é filho de Deus, porém, é o bastante para prender o leitor na história.

Além de "temas" polêmicos, outra característica bastante marcante nos livros dele, é sem dúvida a construção dos personagens. Sendo eles, cativantes, inteligentemente construídos e com personalidades bem definidas, como é o caso do protagonista de quatro das seis obras,  o professor de simbologia de Harvard Robert Langdon.



No novo livro de Brown, Langdon volta a ser o protagonista da história. Depois de sobreviver a uma caçada humana, uma explosão de antimatéria e de um vilão perturbado por símbolos, o professor Chuck Norris (desculpe o trocadilho) acorda sem memória em um hospital em Veneza. Mal sabe ele que uma conspiração fruto de um membro transhumanista pretende disseminar um vírus no mundo, com o objetivo de eliminar grande parcela da população. Tal genocídio é justificado pela teoria Malthusiana da superpopulação, ou seja, tem gente demais no mundo.

Enquanto Robert foge do hospital de pessoas que querem matá-lo (novamente eles querem matá-lo), ele precisa recuperar sua memória e desvendar os misteriosos enigmas que se encontram com ele. Outra figura marcante nas narrativas de Dan Brown, é a presença da personagem feminina, em INFERNO, a Dra. Sienna Brookes   ajuda Langdon na fuga do hospital e na corrida para interpretar o misterioso "mapa do inferno" que eles descobrem em um tudo dentro do paletó do simbologista.

O vilão do livro é obcecado pela mais famoso obra literária, A DIVINA COMÉDIA de Dante Aliguieri, e fica a cargo de Robert Langdon encontrar a localização do vírus que pretende acabar com parte da população mundial seguindo as pistas deixada por ele nas obras referentes a Dante. 

Paris, Vaticano, Washington D.C, e agora Itália, são os palcos das obras literárias do aclamado Dan Brown. Talvez, não tão polêmico quanto os outros livros que tem Robert Langdon como protagonista, isso pode desapontar alguns fãs que esperavam algo "mais revelador", porém agrada a todos no sentido de reviravoltas e surpresas, e também para aqueles que "lerem nas entrelinhas" vão poder perceber as sutis alfinetadas que o autor deixa no livro.

Para todos os fãs de boa literatura e é claro, das obras de Dan Drown, o novo livro é sem sombra de dúvida uma boa pedida. Com medo de fazer mais spoillers, termino minha análise por aqui. Boa leitura.



Pedro Almeida 

Recomendações de Leituras do Mesmo autor 

- Fortaleza Digital
- Ponto de Impacto
- Anjos e Demônios
- O Código da Vinci
- O Símbolo Perdido